Você está em tratamento contra o câncer ou conhece alguma pessoa em tratamento contra o câncer que está fazendo uso de quimioterapia?


Nestes casos é comum os relatos de alguns efeitos desse tratamento como enjôos, inflamação na boca, queda de cabelo ou até mesmo corpo moído e fadigado.

Ou mesmo inchaço no corpo, inchaço nas pernas ou uma mudança de hábito intestinal como constipação (prisão de ventre) ou diarreia.

Neste artigo, preparei informações importantes e práticas de como amenizar os efeitos da quimioterapia para que o seu tratamento flua da melhor maneira possível.

Dr Flavio Cárcano | Oncologista


Dr Flavio Mavignier Cárcano é um super-especialista em câncer geniturinário, ou Uro-oncologia como também é chamado, e há mais de uma década se dedica ao cuidados de pacientes com este tipo de câncer. Na sua trajetória, iniciou a graduação em Medicina em 1998 na Universidade Federal Fluminense – UFF, umas das mais reconhecidas e tradicionais instituições médicas do país, formou-se médico em 2004 e ingressou para a Residência Médica no Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Após a conclusão da residência em clínica, ingressou na Residência Médica em Oncologia Clínica no Instituto Nacional de Câncer – INCa, onde desenvolveu sua especialidade médica que exerce até os dias atuais desde 2009. Em 2011 concluiu seu mestrado em Pesquisa e Desenvolvimento pela Universidade Estadual Paulista – UNESP, onde estudou aspectos do tratamento de pacientes com Câncer de Próstata, e em 2016 se tornou Doutor em Oncologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital de Câncer de Barretos (IEP-HCB), onde estudou a biologia molecular do Câncer de Testículo.

Dr Flavio também coordenou o curso de medicina da Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos entre os anos de 2014 e 2022 e é Professor Permanente da Pós-graduação do Hospital de Câncer de Barretos desde 2020, onde orienta alunos de mestrado e doutorado, futuros cientistas na área de Oncologia. Dr. Flavio tem publicações científicas em periódicos internacionais de alto impacto, além de atuar como revisor de alguns deles, contribuindo para a construção do conhecimento em Oncologia. 

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Veja agora a seguir o artigo especial que o Dr Flavio Cárcano preparou para você.

O que é quimioterapia?

A quimioterapia é uma das modalidades de tratamento contra o câncer e talvez a mais recente. Ela se vale do fato da gente usar substâncias químicas que tenham uma atividade antineoplásica, ou seja, ela é capaz de matar as células do câncer.


Quais os principais cânceres que tem a quimioterapia como um dos tratamentos?

Praticamente quase todos os tipos de câncer se utilizam da quimioterapia como tratamento. Só mais recentemente, novas estratégias de tratamento que vem se mostrando benéfico em muitos tipos de câncer, seja isoladamente ou associado à quimioterapia. Porém, a quimioterapia permanece como um tratamento fundamental e muitas vezes curativo em diversos tipos de câncer.


Quais são os tipos de quimioterapia?

Existem diversos tipos de quimioterápicos. Eles podem se apresentar em soluções para infusão na veia ou até mesmo a instilação, a injeção dessa substância em cavidades corporais, como dentro da bexiga, dentro da cavidade abdominal ou até mesmo no canal raquimedular, que é o canal onde se encontra o nosso sistema nervoso central. Eles podem também se apresentar em forma de comprimidos.

E como são os protocolos da quimioterapia?

As quimioterapias se diferem principalmente pelo fato de elas terem capacidades diferentes de matar a célula. Portanto, normalmente usamos uma combinação dessas quimioterapias para obter um efeito maior do tratamento.

E toda quimioterapia produz os mesmos efeitos colaterais?

Não! Os efeitos colaterais são muito típicos de cada droga quimioterápica, então depende muito de qual delas você está usando. Mas os protocolos já são desenhados e testados exatamente para evitar que um efeito colateral de uma se sobreponha do outro.






E quais são os efeitos colaterais mais comumente associados ao uso da quimioterapia?

Existem alguns, mas vamos falar um pouquinho sobre aqueles mais comuns e principais, como a queda de cabelo, a náusea ou vômito, a mucosite, que é uma inflamação por dentro da boca, a mudança de hábito intestinal, como a diarreia ou até mesmo a prisão de ventre, a fadiga, inchaço no corpo, principalmente nas pernas, e a baixa da imunidade.

Náuseas e os vômitos

Comumente eles acontecem após a administração de um quimioterápico, mas não necessariamente imediatamente após a exposição a esse quimioterápico. Os protocolos de tratamento já se valem de medicações bastante potentes para evitar a náusea e o vômito, mas infelizmente elas ainda podem acontecer após alguns dias da administração da quimioterapia.

Mucosite

A mucosite é uma inflamação da pele que cobre a boca por dentro, que a gente chama de mucosa. Essa inflamação pode variar desde uma alteração do paladar ou uma leve inflamação da boca, até casos mais sérios, onde há ferimentos, aftas na boca, incomodando bastante e atrapalhando a boa nutrição do paciente, que passa a ter dificuldade para se alimentar.

Edema ou inchaço

O inchaço, tecnicamente chamado de edema, ele costuma acontecer principalmente nos membros inferiores, nas pernas. Esse inchaço está muito relacionado a diversos fatores, mas o principal deles é um aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos, fazendo com que esse líquido se extravase mais facilmente dos vasos, fazendo o inchaço principalmente nas pernas.

Mudança do hábito intestinal

Muitos quimioterápicos podem dar, assim como causam a mucosite, podem provocar também uma irritação do epitélio intestinal, fazendo com que ele secrete muito líquido, causando diarreia. Em contrapartida, outros tipos de quimioterápicos podem causar prisão de ventre, porque eles acabam atrapalhando a inervação adequada do intestino, que gera uma motilidade normal a ponto de a gente fazer uma digestão adequada.

Queda de cabelo

Muito falada. Não é todo quimioterápico que gera queda de cabelo. Ela pode acontecer dependendo da quantidade de dose daquele quimioterápico, do tipo de quimioterápico e também da intensidade e frequência com que aquele protocolo usa aquele quimioterápico.

Fadiga

A fadiga é aquela sensação de cansaço, de pouca energia, de exaustão do organismo, mesmo que você não tenha tido um dia muito pesado de esforço. Essa fadiga, muitas vezes, está relacionada a outros fatores da doença, como anemia ou alterações endócrinas, como hipotiroidismo e outras alterações relacionadas à doença ou como consequência da doença. E não necessariamente um efeito direto do quimioterápico. Muitas vezes o quimioterápico acaba exacerbando esses sintomas que já são causados por outros fatores relacionados à doença. Agora eu separei dicas importantes, informações valiosas que podem te auxiliar ou auxiliar quem você conhece que está em tratamento com quimioterapia. Vamos falar de cada uma delas de acordo com os principais efeitos que eu mencionei.





Como amenizar as náuseas?

Primeira dica, informação importante para amenizar as náuseas é seguir à risca a prescrição do seu médico. No próprio protocolo de tratamento quimioterápico, já são administradas medicações para evitar a náusea e o vômito. E também, muitas vezes, o paciente vai pra casa com uma prescrição. Às vezes, a não aderência ou desvio de seguir exatamente aquela prescrição pode prejudicar sobremaneiro o controle da náusea e o vômito. A segunda dica para evitar a náusea ou amenizar os efeitos da náusea se refere à alimentação. Evite alimentos salgados e quentes. Prefira alimentos mais doces, adocicados e mais frios. Eles diminuem a sensação da náusea. Alguns pacientes relatam muito benefício quando usam o gengibre. Seja ele ralado em cima do alimento ou alguns até fazem pequenos chás de gengibre, congelam em cubos de gelo e passam a chupar aquele gelo. É claro, evitar o gengibre se você também está sofrendo com mucosite, porque ele pode irritar a boca. E claro, evite também alimentos de difícil digestão, como carnes muito gordurosas que vão demorar para serem digeridas. A terceira dica se refere aos hábitos. Evite você mesmo cozinhar. Aquele aroma, aquele vapor aromatizado da comida cozinhando pode gerar más náuseas e vômitos. Raspas de limão e sentir o cheiro de frutas cítricas ajudam bastante no controle das náuseas. E por fim, evite beber muito líquido durante a alimentação e principalmente se deitar logo após essa alimentação.



Como eu posso amenizar a mucosite?

Da mesma forma, como falado, evite alimentos muito quentes e salgados. Tente usar alimentos que não sejam ácidos e também um pouco mais gelados. Se você usa antissépticos bucais, não use antissépticos bucais à base de álcool. Isso vai irritar bastante a sua mucosa da boca e piorar a sensação de mucosite. E tente usar aquelas pastas de dentes que são para dentes mais sensíveis. Elas podem ajudar bastante a amenizar os efeitos da mucosite. E claro, siga a prescrição médica à risca. Muitas vezes nós prescrevemos bochechos com substâncias específicas que podem amenizar a sensação que a mucosite causa.



Como amenizar o inchaço?

O primeiro conselho é a hidratação. Você deve estar bem hidratado com água, água de coco, sucos de fruta. Evite chás gelados e refrigerantes, que embora possam refrescar, não trazem uma boa hidratação. A gente faz uma conta simples de 35 vezes o peso do paciente para conseguir encontrar a quantidade de mililitros que esse paciente deveria tomar durante o dia para estar bem hidratado. A segunda dica para tentar amenizar os efeitos do inchaço se refere à alimentação. Diminua o sal na comida. Use muito pouco sal. Isso faz reter muito líquido e piorar o inchaço. Converse com o seu nutricionista sobre quais alimentos podem ajudar a eliminar a água do organismo. Por exemplo, alimentos como pepino, agrião, melancia e melão costumam ser bastante diuréticos e contribuir nesse controle do inchaço. E claro, mantenha uma atividade física regular. Uma atividade física leve, de baixo impacto, mas com regularidade, melhora a circulação sanguínea e também contribui para o melhor controle do inchaço. Quanto às mudanças de hábito intestinal, essas devem ter uma orientação bastante estrita do seu médico ou do seu nutricionista, porque dependendo dos alimentos que você usa, isso pode piorar ou até reverter a diarreia ou a prisão de ventre. Isso depende muito do quimioterápico que você está usando e qual é o sintoma que mais está lhe afligindo naquele momento.



Como amenizar a queda de cabelo?

A queda de cabelo é um efeito muito indesejado da quimioterapia, mas felizmente existem maneiras da gente amenizar a queda de cabelo. Uma delas é a própria crioterapia. O uso de toucas geladas durante as infusões de quimioterapia diminui a circulação desse quimioterápico no folículo piloso, fazendo com que essa queda de cabelo seja menos intensa. Mas se ainda assim não for acessível ou não for tolerável o uso da crioterapia, a prótese capilar, conhecidas como perucas, são bastante úteis na questão da autoimagem e contribuem bastante para manter a autoestima e a confiança do paciente durante o tratamento.



Como amenizar a fadiga? Aquela sensação de baixa energia, corpo moído.

Primeiro ponto, é muito importante que o seu médico observe se existem alguns fatores contribuindo para essa fadiga que estão relacionados não diretamente ao uso do quimioterápico, mas também relacionados à própria doença, como a anemia. Então é necessário verificar se é possível corrigir essa anemia, distribuir os endócrinos como hipotiroidismo, fazer uma reposição hormonal, caso isso for identificado, e muitos outros fatores relacionados à própria doença que podem acarretar a sensação de fadiga. E quanto à atividade física, sem dúvida é fundamental para o controle da fadiga.

Muito embora a gente possa pensar que pelo fato de estar fadigado não deva fazer atividade física, muito pelo contrário. Iniciar atividades físicas leves e ir aumentando pode contribuir muito para a tolerância da fadiga. Se recomenda cerca de 150 minutos na semana de exercício de atividade aeróbica, como uma caminhada rápida, bicicleta, associado a cerca de 20 minutos duas ou três vezes na semana de atividade de força. Um pesinho leve sob orientação do seu educador físico pode ajudar muito na sensação de fadiga.



Como amenizar os efeitos da baixa da imunidade?

É importante entender que todo quimioterápico em determinada monta pode gerar uma baixa da imunidade. Ela vai acontecer de qualquer forma. O problema não é ela acontecer, o problema é as infecções que podem ser desenvolvidas neste momento. Então a melhor maneira de tentar amenizar a baixa da imunidade é estar bem alimentado, bem hidratado e ter as suas vacinações em dia. Porque se a sua imunidade estiver competente, você logo vai sair dessa fase sem qualquer consequência maior.






Cuidados gerais

Alguns cuidados gerais não menos importantes para você que está em tratamento com quimioterapia podem ajudar.

Tente usar roupas largas, evite a exposição excessiva ao sol, use protetor solar, hidrate bem a pele, evite usar banhos quentes, preferindo banhos mornos ou temperatura normal. E um ponto muito importante, evite manipular os dentes como extração dentária durante o tratamento da quimioterapia. A maioria das neutropenias associadas a febre e infecções que ocorrem no momento de baixa da imunidade acontecem por bactérias que estão na nossa própria boca. Retirar um dente ou manipular um dente durante a quimioterapia pode precipitar uma complicação que a gente não quer. Além disso, evite retirar as cutículas, evitando assim uma porta de entrada para uma possível infecção que pode se complicar durante o tratamento da quimioterapia.

Um ponto importante é que se você ouviu esse vídeo e está fazendo quimioterapia e não teve nenhum tipo de reação ou efeito desse, isso não significa que a sua quimioterapia não está funcionando. Cada corpo é de um jeito, reage de um jeito. E uma quimioterapia num paciente pode se comportar com efeitos colaterais completamente diferentes se for realizada num paciente diferente.

Um conceito fundamental é que, embora eu esteja tentando lhe ajudar com algumas informações importantes para que a sua quimioterapia, o seu tratamento, flua da melhor maneira possível, mais importante que isso é você seguir as orientações do seu oncologista e da equipe multiprofissional que cuida de você.

Espero que esse artigo tenha sido útil para você que está passando por esse momento de tratamento com quimioterapia.

Assista também o vídeo abaixo para ter uma conversa mais ampla comigo sobre este tema. Tenho certeza que será útil.





Dr. Flavio Cárcano | Oncologista

CRM: 93.205 | RQE: 56071

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