A descoberta que cada uma das células do nosso organismo carrega um código genético que conta a história de nossa evolução e determina todas nossas características como seres vivos, foi uma verdadeira revolução. A tecnologia cada vez mais avançada é capaz de gerar informações sobre como este código está escrito e que alterações existem nele a ponto de promover o desenvolvimento de doenças como o câncer.
Alterações genéticas podem levar a perda da produção de proteínas que protegem contra o desenvolvimento do câncer ou também levar a ativação e produção não desejada de proteínas que promovem a proliferação das células do câncer.
O conhecimento cada vez mais detalhado das características bioquímicas destas proteínas, deu oportunidade para o desenvolvimento de tratamentos específicos para agir contra elas e interromper seu efeito no crescimento e disseminação do câncer. Estes tratamentos comumente chamamos de terapia alvo-dirigida e basicamente são compostos por dois tipos de medicamentos, as pequenas moléculas (as mais comuns conhecidas como TKI) e os anticorpos monoclonais.
As pequenas moléculas entram na célula do câncer e inibem a atividade de enzimas alteradas, que são proteínas com função de dar sinais executivos nas células. Já os anticorpos monoclonais, são como nossos anticorpos naturais que atuam em nossa imunidade, mas produzidos em laboratório para atacar, especificamente, proteínas alteradas que exercem algum efeito no desenvolvimento e proliferação do câncer.
Tanto as pequenas moléculas como os anticorpos monoclonais, têm como alvo, processos importantes no desenvolvimento do câncer, como o metabolismo celular, a proliferação celular, a imunidade que tenta reconhecer e atacar as células do câncer, entre outros.
Há cerca de mais de dez anos predominavam apenas a quimioterapia ou hormonioterapia como tratamento sistêmico do câncer, mas hoje a terapia alvo-dirigida está como opção de tratamento em indicações específicas para quase todos os tipos de câncer.
Os principais efeitos colaterais das pequenas moléculas são diarreia, inflamação das mucosas, problemas de pele e alterações da tireoide, entre outros. Já com os anticorpos monoclonais, os efeitos colaterais são variáveis a depender do alvo que eles atacam.
Quando falamos de terapia alvo-dirigida e interferência na imunidade, falamos de um processo que tem crescido muito nas últimas décadas e é conhecido como imunoterapia. Falaremos melhor sobre isso no nosso próximo tópico. No câncer geniturinário a terapia alvo-dirigida é muito utilizada no tratamento do câncer de rim, mas vem crescendo suas indicações em outros tipos de câncer geniturinário como o de bexiga.